Grupo Os Super Heróis

Na era Disco no Brasil foi uma coisa boa, quem não se lembra da Gretchen, da Melindrosas, Ghensis Khan e Dee D Jackson Brasil, para pegar carona nos conjunto alemão Dschinghis Khan e de Village People que vinha fazendo sucesso lá fora, e tinha um programa do Carlos Imperial que fazia sucesso na Band no final dos anos 70, para chamar a atenção das crianças daquela época e aproveitar a onda da era disco foi criado o conjunto Os Super Heróis, sem o hífen mesmo que era formado por Superman, Batman, Robin, Mulher-Maravilha, Thor, Homem-Aranha e Kung Fu. Esse conjunto começou a fazer sucesso, com suas danças e coreografias. Seria os pioneiros antes do sucesso Carreta Furacão, chegando a participar nos programas do Bozo, Carlos Imperial, Bolinha, Raul Gil, Chacrinha etc. Em 1979 foi o Ano Internacional da Criança e o produtor e compositor da gravadora RCA Victor, João Walter Plinta, pensou mesmo em desenvolver algo específico para esse público usando fantasias de heróis dos quadrinhos.

                                       Os rapazes e o produtor João Plinta (de barba)


João Plinta que morreu em abril de 2019 teve a ideia de criar um produto seguindo essa linha. Ainda mais explorando a Disco Music.  Boa parte dos integrantes do grupo saiu desta mesma atração de Silvio Santos, como foi o caso do Gilson Dias, que interpretava o Thor e que hoje é o guardião do material e da história do grupo, inclusive com um perfil no Instagram (@gruposuperherois). “Eu tinha mais ou menos uns 15 anos e estava trabalhando em supermercado. E surgiu a oportunidade de uma apresentação no Silvio Santos, em janeiro de 79, no Show de Calouros. O Plinta viu a performance e me convidou para fazer um teste. Disse que estava criando um grupo musical”. Essa apresentação de Gilson foi de dança e era disso que Plinta estava atrás: gente que soubesse, principalmente, dançar. O produtor estava de olho em todos os garotos e garotas jovens, na faixa de seus 16, 17 anos que soubessem dançar razoavelmente bem. Também houve um teste de voz, segundo conta Gilson. “A gente ia só fazer o coralzinho de fundo, então não precisava ser um cantor excepcional”.



O mesmo aconteceu com Noel Carvalho, o Robin. Ele, que era funcionário da TVS, também fez uma apresentação de dança no mesmo Show de Calouros, de Silvio Santos. “Eu participei, fui bem e não tinha ideia da audiência do programa. Todo mundo no meu bairro ficava me cumprimentando. E o João [Plinta] pediu que eu fosse na gravadora RCA fazer uns testes cantando. Me deu algumas músicas para cantar e perguntou se eu sabia fazer backing vocal”.

Noel relata que fez as audições e havia mais um monte de gente também sendo testada para as vagas. Alguns meses depois, ele estava novamente andando pelos bastidores da TVS quando encontrou Plinta. “E aí eu perguntei se tinha virado alguma coisa na história do tal grupo e ele disse ‘você tá dentro’”. Até aquele momento, o rapaz não tinha noção sobre o que se tratava a ideia de João. Então, o produtor explicou, como conta Noel: “Ele arrumou todos os outros participantes e queria fazer algo em cima do [grupo americano] Village People, que tinha vindo ao Brasil [em 1978]. Ele disse ‘se o cara pode ser policial, outro pode ser índio, por que não cada um ser um herói?’”.

O único cantor profissional era o Bêne ( Superman ),  ex-integrante do conjunto musical Os Moscas da década de 60,  os outros integrantes do grupo Super Heróis eram responsáveis pelos backing vocals e as coreografias. No final de 1979 houve a contratação da Vera Lúcia Egídio como a " Mulher-Maravilha " e sai Francisco Assis,  entra Lincoln Idelfonso como " Kung Fu ". Nesse mesmo ano os Super Heróis lançam o seu segundo disco, um compacto duplo com as músicas: A1- Dance Comigo " Dance With You " ( K. Gardner/Cleide Dalto ), A2- Somos Todos Super Amigos, B1- Eu Também Vou - ( À Festa dos Super Heróis ) " Gotta go Home " ( Huth-Farian/Huth-Jay/Cleide Dalto ) e B2- Preserve o que é de Todos. Eles fizeram sucesso nas décadas de 70 e 80, participaram de várias matérias em revistas e jornais da época.

O grupo viveu o seu auge apresentando-se em programas de televisão no Brasil e Europa, como: Cassino do Chacrinha e Os Trapalhões na Rede Globo, Qual é a Música?, Almoço com as Estrelas, Clube dos Artístas, Raul Gil, Bozo e Carlos Imperial na TV Tupi/ SBT, Bolinha, Pulman Junior, Japan Pop Show, Chacrinha, Dárcio Campos e As Mais Mais na TV Bandeirantes, Clarice Amaral, Carlos Aguiar e Mulheres da TV Gazeta, Bambalalão da TV. Cultura, Dercy Gonçalves na TV Record, Já Cá Canta e Bom Dia Portugal na RTP - Rádio e Televisão de Portugal. Fizeram também centenas de shows, até em estádios lotados como no Pacaembú em São Paulo, Maracanã no Rio de Janeiro e no ginásio do Sporting em Lisboa, Portugal.

Abril de 1982 foi gravado o terceiro disco dos Super Heróis,  um compacto simples  com as músicas: Lado A- Viemos de Longe ( Arthur Moreira/Sebastião Ferreira da Silva ) e lado B- Bem-Vindos à Terra (João W. Plinta/Cesar Rossini ).

Os Novos Super Heróis não teve muito sucesso


Em agosto de 1982 iniciaram as gravações do primeiro e único LP dos Super Heróis, mas antes de seu lançamento em 1983, o produtor João Walter Plinta e a gravadora RCA foram obrigados a mudar todas as fantasias e personagens do grupo devido a problemas de Royalties junto a Marvel Comics, porém as músicas já gravadas no LP continuaram as mesmas e o grupo passou a ser chamado de: Os Novos Heróis e desde então não obteve o sucesso esperado, um indício do fim do grupo, o que se concretizou pouco tempo depois.

O Novos Heróis foi à luta sem as marcas famosas, com alguns novos membros e nomes diferentes de personagens. Assim, a formação teve o Homem-Espacial (antigo Super-Homem), Super-Palhaço (ex-Homem-Aranha), Mulher-Cósmica (ex-Mulher-Maravilha), Silver Boy (ex-Robin) e ainda houve a entrada da Princesa Solar. Esta última foi interpretada por Sully, cujo sobrenome ninguém soube dizer.

Com essa equipe reformulada e com um disco feito para o Super Heróis, o Novos Heróis fez mais de dez participações na TV, quase todas no programa do Bozo, no SBT. Isso não foi coincidência, uma vez que o canal de Silvio Santos tinha de promover o disco, já que existia a ideia daquele programa para o conjunto, o que acabou não rolando por conta da perda dos personagens famosos. Nessa fase, a turma também conseguiu emplacar shows e assim se manteve até meados de 1985, mas não mais com a mesma repercussão da época em que estavam lá os heróis da Marvel e DC.



Os Super Heróis no palco da Bandeirantes sem a presença da Mulher-Maravilha

O fato é que a exigência da Marvel caiu como uma bomba nuclear em cima dos nossos super-heróis. O golpe foi forte e a editora tinha mesmo toda a razão em fazer a cobrança. A nova versão do grupo, o Novos Heróis, foi o jeito que se deu para tentar continuar com o sucesso, mas a magia foi quebrada. A graça já não era a mesma e é aquela coisa: esse tipo de projeto tem prazo de validade e ela, definitivamente, havia expirado.

Deu certo enquanto durou o uso dos heróis das editoras americanas. O Super Heróis realmente marcou uma geração e a molecada que assistiu ao grupo na TV, lá no fim dos anos 70 e início dos 80, não esquece. E a internet, com seus memes e redes sociais mantêm os vídeos rodando por aí, com milhares de visualizações.

Se o grupo Super Heróis tivesse no auge, convenções de quadrinhos, animes, séries eles iriam fazer sucesso, foi graças a eles que vieram conjuntos como Trem da Alegria, Balão Mágico, Os Abelhudos, As Patotinhas etc.

Ex-integrantes

Noel Carvalho, o Robin


Gilson Dias, o Thor

Vera Lúcia, a Mulher-Maravilha

Os demais eu não consegui encontrar as fotos.

Claudio Rivera

Francisco Assis

Lincoln Idelfonso

José Franco Bueno

Ricardo Scheir


Discografia

1979 - Compacto Simples " Somos Todos Super Amigos "

1979 - Compacto Duplo " Dance Comigo "

1982 - Compacto Simples " Viemos de Longe "

1983 - LP " Os Novos Heróis " ( Nova Formação )


Após o término do grupo Super Heróis, o vocalista José Franco Bueno ( Bêne ) mudou-se para os EUA em 1987, para tentar a carreira solo. Faleceu no dia 10 de dezembro de 2002, aos 57 anos de idade.

Gilson Dias se formou em jornalismo e é repórter cinematográfico com passagens pela Record TV e SBT. Mora em São Paulo. Vera Lúcia é formada em psicologia e vive no interior paulista. Manoel Carvalho mora em Ribeirão Preto, dá aulas de patinação, tem uma loja de artigos esportivos e um estúdio para ensaios de bandas. Os demais integrantes do grupo não foram localizados.

Fonte:

R7

Marvel deu fim à carreira musical do Batman, Thor e Aranha no Brasil - Prisma - R7 Odair Braz Jr

Proibido Ler

Os Super-Heróis do show bizz brasileiro dos anos 80 (proibidoler.com)

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