Quem foi Pixote?


Fernando Ramos da Silva nasceu em São Paulo29 de novembro de 1967 e morreu em São Paulo, 25 de agosto de 1987 foi um ator brasileiro.
Tornou-se ator ao ser escolhido para viver o personagem Pixote no filme Pixote, a Lei do Mais Fraco, de 1981, dirigido por Héctor Babenco. O garoto foi considerado uma revelação e o filme foi muito premiado no Brasil e exterior. Tentou continuar a carreira no Rio de Janeiro, participando da telenovela global O Amor É Nosso, em 1981. Posteriormente, Fernando nunca mais se destacou, fazendo apenas pequenas participações nos filmes Eles não Usam Black-tie, também em 1981, e Gabriela, Cravo e Canela, de 1983.
Tempos depois do filme, Fernando voltou a Diadema (região do Região do Grande ABC), sempre na esperança de reconquistar o posto de ator, mas acabou retornando à sua antiga vida, em um ambiente de total miséria e precariedade. Decidido a tentar novamente a carreira de ator, se dirigiu ao Rio de Janeiro, sendo escolhido para interpretar um personagem em uma novela da Rede Globo, com a ajuda de José Louzeiro. Porém, Fernando foi demitido em pouco tempo por não conseguir decorar os textos, já que era semialfabetizado.

Novamente morando em uma favela em Diadema, se envolveu com a criminalidade. Parte disso se deve à influência dos irmãos. Foi preso duas vezes, uma por assalto e outra por porte ilegal de arma. Disse em uma entrevista que muitas vezes fora perseguido por policiais porque eles não distinguiam a imagem do personagem e a do ator.
Aos 19 anos, Fernando foi morto por policiais militares do Tático Móvel (atual Força Tática) do 6º Batalhão da Polícia Militar de São Bernardo do Campo num tiroteio após supostamente ter participado de mais um assalto, desta vez contra uma empresa no bairro de Piraporinha, também em São Bernardo do Campo. Fato este contestado até hoje pela família. Os policiais militares nunca foram presos pelo crime, apenas foram demitidos da Polícia Militar por fraude processual.
Sua esposa, Cida Venâncio, escreveu o livro Pixote Nunca Mais, o qual foi o inspirador do filme Quem Matou Pixote?, de José Joffily, que conta a curta trajetória de Fernando Ramos da Silva como ator e como pessoa. No filme, Fernando foi vivido pelo ator Cassiano Carneiro.
Pixote - A Lei dos Mais Fracos
Neste filme, Hector Babenco construiu um dos mais cruéis retratos da realidade nas ruas de São Paulo, onde crianças têm sua inocência retirada ao entrarem em contato com um mundo de crimes, prostituição e violência.
Depois de uma ronda policial, crianças de rua - incluindo Pixote - são enviados para um reformatório de delinquentes juvenis (FEBEM). A prisão é uma escola infernal onde Pixote cheira cola como fuga emocional para as constantes ameaças de abuso e estupro.
Logo fica claro que os jovens criminosos são apenas joguetes para os sádicos guardas da Febem e para seu diretor.
Quando um menino morre por abuso físico por parte dos guardas, estes procuram jogar a culpa do assassinato em outro menino, o amante de Lilica (Jorge Julião), um garoto homossexual. Convenientemente, o amante de Lilica também "morre", com a ajuda dos guardas.
Logo depois, Pixote, Chico (Zenildo Santos), Lilica e seu novo amante Dito (Gilberto Moura) encontram uma oportunidade de fugir da prisão. Primeiro eles permanecer no apartamento de Cristal (Tony Tornado), um ex-amante de Lilica, mas quando surgem tensões entre eles e Cristal, o grupo vai para o Rio para fazerem uma negociação de cocaína com uma stripper conhecida de Cristal. Chegando lá, porém, eles acabam sendo passados para trás pela stripper (Elke Maravilha), que acaba matando Chico e sendo esfaqueada por Pixote, o que se torna o primeiro assassinato cometido pelo menino.
Eles encontram Sueli (Marília Pêra), uma prostituta abandonada pelo seu cafetão, e que acabara de fazer um aborto clandestino. Juntam-se a ela para roubar os clientes da prostituta durante os seus programas, mas o clima começa a ficar tenso quando Dito e Sueli ficam atraídos um pelo outro, causando profundo ciúme em Lilica, que acaba abandonando o grupo quando presencia Dito e Sueli fazendo sexo. O esquema de roubo acaba dando errado quando um americano que vai fazer um programa com Sueli reage inesperadamente quando Dito anuncia que vai assaltá-lo (porque aparentemente ele não entende Português), e os dois se atracam. Pixote, ao tentar acertar o americano, erra e acaba acertando e matando Dito, para desespero de Sueli. O americano também é morto por Pixote.
Desolados, Pixote e Sueli estão agora sozinhos no mundo. O menino tenta buscar o carinho de Sueli, procurando nela a figura de uma mãe, mas ela o rejeita e o manda embora. Ele então se vai e é visto andando por uma linha ferroviária, de pistola na mão, se afastando até ir desaparecendo na distância.
O ator Fernando Ramos da Silva, que interpreta o personagem-título, tempo depois do êxito do filme, voltou à sua vida de sempre, vivendo num ambiente de total miséria. Chegou a tentar seguir a carreira de ator, ingressando na Rede Globo com a ajuda do escritor José Louzeiro, porém, foi demitido por ser incapaz de decorar os textos, já que era semialfabetizado. Devido à influência dos irmãos, retornou à criminalidade, sendo assassinado por policiais em 1987.
O filme foi concebido em estilo de documentário, fortemente influenciado pelo neo-realismo italiano, no qual tomam parte do elenco vários atores amadores com vidas muito semelhantes às dos personagens do filme. Pixote foi filmado em bairros de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Nos Estados Unidos, o filme foi apresentado pela primeira vez no New York New Directors / New Films Festival em 5 de maio de 1981. Depois foi exibido em circuito limitado nos Estados Unidos em 11 de setembro de 1981.
O filme foi exibido em vários festivais de cinema, incluindo: San Sebastián International Film Festival(Espanha), Festival de Cinema de Toronto (Canadá), Festival Internacional de Cinema de Locarno (Suíça), entre outros.
O crítico de cinema Roger Ebert, do Chicago Sun-Times, considera o filme um clássico, e escreveu: "Pixote predomina neste trabalho Babenco, que mostra um olhar áspero de uma vida que nenhum ser humano deveria ser obrigado a levar. E o que os olhos de Fernando Ramos da Silva, o jovem ator condenado, nos mostra não é para nos machucar, nem para nos acusar, assim como não mostra arrependimento - mostra apenas a aceitação de uma realidade diária desolada. "
Em 1979, Fernando foi selecionado para o papel de um pequeno marginal em um dos filmes mais agudos realizados no Brasil
A crítica Pauline Kael ficou impressionada com o filme pela sua qualidade como documentário da vida real com uma dose de realismo poético. Ela escreveu, "As imagens de Babenco são realistas, mas o seu ponto de vista é chocantemente lírico. Escritores sul-americanos como Gabriel Garcia Marquez, parecem ter um perfeito e poético controle da loucura, e Babenco também tem este dom. Artistas Sul-americanos tem que tê-lo, para poderem expressar a textura da loucura cotidiana. "
Vincent Canby, crítico de cinema do The New York Times, gostou da atuação neo-realista e da direção do drama, e escreveu: "Pixote, terceiro longa-metragem de Hector Babenco, diretor brasileiro nascido na Argentina, é um ótimo filme, intransigentemente cruel, sobre os meninos de rua de São Paulo, em particular sobre Pixote - que, de acordo com o programa, traduz-se aproximadamente como "Peewee"... As performances dos atores são boas demais para serem verdade, mas o Sr. da Silva e a Sra. Pêra são esplêndidos. Pixote não é para os fracos de estômago. Muitos dos detalhes são difíceis de serem deglutidos, mas o filme não é explorador, nem é pretensioso. O Sr. Babenco nos mostra o fundo do poço, e como ele é um artista, ele nos faz acreditar nisto e em que todas as possibilidades foram perdidas. "
A avaliação do site Rotten Tomatoes informa que 100% dos críticos deram ao filme uma avaliação positiva, baseada em oito avaliações.


A rápida trajetória de Fernando foi contada pelo diretor José Joffily, em seu filme Quem Matou Pixote?.

PRODUÇÃO

ProdutorHector Babenco
ProdutorJosé Pinto
Produtor AssociadoMarçal de Souza


EQUIPE TÉCNICA

Diretor de fotografiaRodolfo Sánchez
MontadorLuiz Elias
Diretor de ArteClovis Bueno
FigurinistaClovis Bueno
Autor do argumentoJorge Duran
Autor do argumento
Hector Babenco



EMPRESAS ENVOLVIDAS

ProduçãoEmbrafilme
ProduçãoHB Filmes
Distribuidor brasileiro (Lançamento)
Embrafilme

Quem Matou Pixote

Quem matou Pixote? é um filme brasileiro de 1996, do gênero drama biográfico, dirigido por José Joffily. O filme conta a curta trajetória de Fernando Ramos da Silva, como ator e como pessoa.
A história de Fernando Ramos da Silva, um semi-analfabeto que ficou conhecido ao interpretar o papel-título em Pixote - A Lei do Mais Fraco. Porém, quando a fama acabou ele não conseguiu trabalho como ator, se desesperou e acabou se enveredando pelo crime, como o personagem que interpretou.

O envolvimento de policiais militares em chacinas, execuções e extermínio em massa, não é um fato novo no Estado de São Paulo. Principalmente quando se trata de bairros da periferia. Há exatos 28 anos, o cinema brasileiro perdia Fernando Ramos da Silva, de 19 anos. O personagem Pixote do filme “Pixote, a lei do mais fraco”, do diretor Hector Babenco. Os assassinos: um sargento e dois soldados da Polícia Militar.

Para a viúva de Fernando, Cida Vinâncio, com quem teve uma filha, os policiais que o mataram o tratavam como um bandido. “Quando o mataram, eles pensaram que estavam tirando de circulação um bandido perigoso”. Ela ainda diz que nada mudou e que “continuam todos os dias a matar outros pixotes menos famosos”.
Presente ao enterro do jovem e responsável pela missa, o padre Julio Lancellotti, à época na pastoral do menor (hoje representante da pastoral do povo de rua), disse à reportagem da Ponte Jornalismo que se lembra bem do caso. “Lembro do filme, lembro do Fernando, lembro do menino que cresceu e a fama iludiu. Lembro ainda de seu corpo massacrado e de seu sepultamento.” Para o padre, Fernando foi executado assim como muitos periféricos. E ficou marcado porque se tornou um símbolo de denúncia.
Fernando e a sua filha Jaqueline
Interprete de Lilica no filme de 1981, o ator Jorge Julião diz que Fernando era um menino sonhador. À reportagem da Ponte, citou um verso da música “Força Estranha”, de Caetano Veloso, que faz parte da trilha sonora do filme e que toca no momento em que Lilica e Pixote se abraçam na praia do Arpoador, no Rio de Janeiro. “Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo… Corremos, brincamos e Fernando acreditou no sonho de uma vida melhor. Saudades de um tempo passado. Fiz parte deste sonho. Também sonhei. Ainda sonho”, afirmou.
Com tantas mortes de jovens sonhadores como Pixote causadas por disparos de pistolas .40, que vieram a aposentar o calibre 38, o padre Lancellotti enfatiza que “a maioria dos executados são pobres, negros e da periferia, moradores de rua e indígenas”.
Além de Fernando, sua mãe dona Josefa Ramos da Silva, perdeu em Diadema mais dois filhos vítimas da violência. Quatro meses antes de Fernando, em abril de 1987, Paulo Ramos da Silva, o Paulinho, foi morto a tiros na cidade. O crime nunca foi esclarecido. Filho mais velho de dona Josefa, Valdemar Ramos da Silva, o Dema, foi encontrado morto, aos 27 anos, dentro do porta-malas de seu Passat, em 4 de abril de 1990.
Fonte:
Ponte


El País
Adoro Cinema

Wikipédia

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