Lembram de Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe?


Daniel Azulay (Rio de Janeiro30 de maio de 1947) é um artista plástico, educador com vasta e diversificada atuação na Imprensa e na TV como desenhista, compositor e autor de livros infanto-juvenis e videogames interativos.

Em 1968, criou a tira de jornal Capitão Cipó, publicada no jornal Correio da Manhã em 1975, lança a Turma do Lambe-Lambe, foi precursor em 1976 apresentando durante dez anos seguidos, programas de TV educativos e inteligentes para o público infantil. Azulay influenciou de forma construtiva a geração dos anos 80 que aprendeu com ele a desenhar, construir brinquedos com a sucata doméstica, e a importância da reciclagem e sustentabilidade em defesa do meio ambiente.
Atualmente, viaja pelo mundo expondo, fazendo palestras e conduzindo workshops de arte, educação e responsabilidade social. Premiado no Brasil e no exterior, suas obras de arte contemporânea fazem parte do acervo de coleções particulares e de grandes empresas. Em 2009, ensinou desenho em vídeos para o site UOL, fez especiais pro Canal Futura e chegou a participar da TV Rá-Tim-Bum
Em 2013, lançou o site Diboo (www.diboo.com.br), um curso de desenho online para crianças.

Famoso na década de 1980 por ensinar técnicas de desenho a crianças e construir brinquedos com sucata doméstica na televisão, Daniel Azulay segue na ativa! Aos 68 anos, o desenhista mantém no Rio de Janeiro, cidade onde vive, uma oficina de desenho em que ensina a arte de uma forma bastante espontânea. Em entrevista ao R7, ele relembrou a Turma do Lambe-Lambe, sua mais famosa criação, que das tirinhas de jornais ganhou vida na televisão e foi um grande sucesso entre as crianças.
O desenho entrou na vida de Daniel Azulay de forma natural. Autodidata, desde criança ele já era apaixonado por criar.

— Eu era muito pequeno e já pegava minha chupeta e me via lambuzando tudo que vinha à minha frente. Com quatro, cinco anos, descobri que se passasse o dedo em cima de um bolo, conseguia fazer um desenho. Sem contar que, adorava criar personagens em carros empoeirados. Sou autodidata. Na escola, enquanto as crianças saíam para o recreio, eu ficava sozinho, sem falar com ninguém, só desenhando
No fim da década de 1960, mais precisamente em 1969, Azulay começou a publicar suas primeiras histórias em quadrinhos em tirinhas de jornais.

— Meus desenhos estavam ali, em jornais conhecidos do Rio de Janeiro, como o Última Hora e o Correio da Manhã. Mas a Turma (do Lambe-Lambe) foi se consolidar mesmo no Jornal do Brasil. Por mais de dez anos eles estavam ali em um suplemento dominical do jornal. Depois disso, outras publicações passaram a se interessar pelo meu trabalho.
Em 1976, Daniel Azulay recebeu do então produtor de TV Walter Clark o convite para trabalhar na televisão. Os personagens do Lambe-Lambe ganharam formato televisivo e foram apresentados na TV Educativa e, depois, na Bandeirantes, com muito sucesso.
Em 2014, Azulay lançou uma exposição chamada Juntos, Dizemos Não ao Crack e Outras Drogas, cujo o objetivo era consciencizar as crianças sobre o consumo das drogas. Neste trabalho, o artista plástico criou uma cartilha com ilustrações sobre o tema. Com propósito de influenciar seu público de forma educativa, temas como A Lei Seca, Prevenção ao Álcool e Controle do Tabagismo, também transformaram-se em projetos do desenhista.

Você se lembra da  Turma do Lambe-Lambe? Ritinha, Piparote, Tristinho, Gilda, Pita, Professor Pirajá, Damiana e a simpática galinha Xicória eram os personagens. 
Personagens
Pita
Alegre, vivo e tagarela. Quer ser um grande mágico, mas não tem o menor jeito. Adora meter o nariz onde não é chamado. Por essa razão, vive se metendo em confusões

Professor PirajáO sábio que conhece diversas ciências e a linguagem dos animais. Habilidoso engenheiro, transformou uma árvore da Floresta Amazônica em seu refúgio particular e num laboratório de pesquisas científicas. Também é defensor da ecologia

GildaVaidosa e sentimental, é a cantora da Turma do Lambe-Lambe, cujo talento exercita nos seus banhos de banheira. Como dona de casa é muito desastrada e péssima cozinheira. Compra tudo o que vê nos anúncios de TV e adora andar na moda, sem se dar conta da cafonice de suas roupas esquisitas
XicóriaUma galinha simpática e ótima cozinheira. Mora na árvore do Prof. Pirajá, onde é sua secretária, servindo, às vezes, de cobaia em suas pesquisas

DamianaMuito alegre, intrometida e arteira. Especialista em provocar confusões. Está sempre inventando uma maneira diferente de fazer as coisas. Ela é capaz de fazer o impossível para ajudar os outros

TristinhoMalabarista do Circo Lambe-Lambe. O astro do picadeiro, é trapezista, tratador de animais, equilibrista e grande companheiro de todos na turma

RitinhaTem sonhos de ter um negócio próprio. Vive dando asas a sua imaginação de empresária e comerciante. É uma garotinha muito gulosa que adora sorvetes, doces...

PiparoteO mais tímido da turma. Sonha em ser um domador de leões, mas tem pavor de cachorros. Pita é o seu grande companheiro de travessuras






Gibis da Turma do Lambe-Lambe foram publicados entre 1982 e 1984

Confira a entrevista feita pelo repórter Leonardo Dahi, do Blog do Curioso.
Você celebrou os seus 70 anos com uma frase do dramaturgo George Bernard Shaw: “Você não para de brincar porque fica velho; você fica velho porque para de brincar”. Qual é o segredo para continuar brincando?

É a curiosidade. Sempre fui curioso e estou sempre descobrindo coisas novas. É viver numa busca infinita por coisas novas, todos os dias. É a vontade de aprender. O meu conselho é que as pessoas façam o que gostam, realizem seus sonhos, mesmo que elas precisem passar um tempo fazendo o que não gostam.
Fizemos uma homenagem ao seus 70 anos em nossa página no Facebook e ficamos impressionados com o tamanho da repercussão causada pelo seu nome. Você também sente esse carinho nas redes sociais?

Essa coisa da rede social… Eu nunca vi nada igual na minha vida. Semana passada, eu estava na rua e as pessoas me davam parabéns, me desejavam muitas felicidades. E eu pensava: “Mas eu não falei para ele que é meu aniversário…”. Claro, as pessoas me conhecem, mas graças à rede social elas sabem que é meu aniversário. Tem histórias divertidas… Eu estava andando pela Quinta Avenida, em Nova York, quando tomei uma gravata no meio da rua… Levei um susto, mas era só um camarada querendo uma selfie: “Daniel, eu te assistia quando eu era pequeno!”. Num restaurante, também nos Estados Unidos, a cozinha era toda de brasileiros e eles vieram tirar foto comigo. Fiquei emocionado! É formidável. Até em cemitério eu já dei autógrafo: fiz um desenho da galinha Chicória apoiado em uma lápide.
Você transitou entre algumas gerações de crianças. Você precisou mudar o seu jeito de trabalhar para atrair a atenção dessa geração mais nova e tão afeita aos celulares e tablets?

Eu olho para o meu neto e para as crianças da idade dele e fico extasiado de observar a naturalidade com a qual eles se vestem, expressam suas ideias e até ensinam os pais a fazerem algumas coisas, principalmente quanto a essas tecnologias. A televisão mudou muito e hoje eu não imagino um programa como o que eu fazia. O YouTube dá de mil a zero! Há uma convergência de mídias e muitas opções. Às vezes nem elas sabem o que querem porque podem passar de um canal para o outro toda hora. Tive que mudar, claro. Quem trabalha com criança precisa entender que cada uma reage de uma forma a todas essas mídias.

Nós tivemos nos primeiros anos da TV por assinatura o sucesso muito grande de programas como Mister Maker e Art Attack, que tinham uma proposta muito parecida com a que você apresentou lá atrás. Esse sucesso fez com que você se sentisse um pioneiro?
Fui a primeira pessoa no Brasil a fazer um jogo de raciocínio interativo na televisão. A criança com o dedo seguia alguma coisa na tela. Tinha a preocupação de não deixar a criança grudada na tela o tempo todo, então eu fazia essas coisas de tocar na tela eventualmente. Em geral bastava seguir com o olho. O garoto ficava alucinado tentando descobrir onde ia parar minha gravatinha. Criança adora disputas, competições de raciocínio. Era só ligar a televisão, não tinha que pagar nada.

Apesar do sucesso dos canais infantis na TV fechada, os programas para esse público perderam espaço na TV aberta. Por quê?
O que eu ouço é que as emissoras estavam perdendo audiência para a TV a cabo e os games. Então eles acharam muito mais cômodo transportar esse tipo de programação para a TV a cabo e tirar da rede aberta. As emissoras se desinteressaram. A Globo, por exemplo, ficou mais à vontade criando o Gloob e podendo explorar os seus produtos mais comerciais no seu canal. Havia um contraste dentro da programação… Perdeu-se também a sensibilidade de fidelizar o telespectador desde o começo, como se fazia antigamente. As emissoras sempre olharam pelo lado comercial. O que ninguém esperava é que o celular viria ocupar a criança com tanta informação lúdica e tantos joguinhos.


As produções brasileiras também estão perdendo muito espaço para os “enlatados” estrangeiros. Esses programas que vêm de fora cumprem com essa missão de fortalecer o aprendizado da criança ou é preciso criar algo mais brasileiro?
Essa sempre foi a maior pedra no sapato de quem fazia produção autoral. Concorrer com as produções internacionais era um pesadelo. Às vezes, você faz algo de qualidade, mas colocá-la no circuito pode ser tão difícil quanto criá-la. Graças à televisão eu nunca tive essa dificuldade para lançar os meus gibis [A revista “Turma do Lambe-Lambe” foi publicada pela Editora Abril entre 1982 e 1984]. E isso ficou na memória afetiva das pessoas. É algo que você não fabrica, você constrói todos os dias. Eu concorria com Power Rangers, produtos, brinquedos… Mas são personagens efêmeros. Eles causam impacto, mas o tempo de vida é curta. Eu estou aqui, mas ninguém fala mais do He-Man ou dos Power Rangers. A vida de super-herói é cruel! [risos]

Você sente falta de estar no ar e viver o dia-a-dia da TV?
Não sinto, não. Tem tantas outras coisas… O que eu sinto falta é de tirar as crianças da passividade. O programa era incompleto porque ele se completava com a interação da criança. Aquilo entrava no desenvolvimento do raciocínio dela e ia revelando a certeza de que ela era capaz. É por isso que muitas vezes eu escuto: “Descobri que tinha potencial vendo o seu programa”. Isso é emocionante.

Você já encontrou algum desenhista profissional que tenha começado a desenhar assistindo aos seus programas?
Vários. O Cléberson Sarema, que trabalhou com o Maurício de Sousa, por exemplo. Fiz um desenho animado, um vídeo educativo e um gibi para a campanha da Lei Seca e, depois que o trabalho ficou pronto, descobri que a maior parte da equipe começou a desenhar assistindo ao meu programa.

Além de desenhista, você desempenhou um papel de educador e acompanhou o processo que transformou um país mais alfabetizado, mas que ainda está longe do ideal quando se fala de educação. Qual a sua avaliação sobre a situação do país na educação?
Eu acompanhei, por exemplo, a criação do MOBRAL, projeto do professor Paulo Freire. O Brasil já foi muito menos alfabetizado, o que não significa que esteja bom. A crise econômica afetou essa área, como afetou a saúde, a segurança… Você vê: o Brasil está sem ministro da Cultura! Sai um, não tem quem entre no lugar. Na época da presidente Dilma Rousseff, tivemos o “Pátria Educadora”, que foi uma falácia, porque não houve nenhum investimento. O Brasil não tem uma política de desenvolvimento sustentável em área nenhuma. Há uma ironia: vivemos num país que pode ser considerado bem informado, onde a informação chega para todos, mas com uma desigualdade social tremenda. Na minha época de televisão, eu brincava: a gente contava com satélites e antenas retransmissoras, mas não tinha uma vassoura para varrer o estúdio. O Brasil tem esse contraste. O Brasil cresceu, se desenvolveu, mas talvez a gravidade da falta de investimentos na área de educação tenha aumentado. É importante também lembrar aos pais que eles são insubstituíveis nesse processo de formação das crianças.




Exposições e Eventos Internacionais

  • Montreal Exhibition, Canadá (1968)
  • 33° Salon International d’Humoristes, Bruxelas, Bélgica (1969)
  • Recebeu menção honrosa em exposição no MAM, RJ com seus primeiros trabalhos gráficos em caleidoscópios de acrílico no Salão da Bússola. (1970)
  • Participou de exibição no Salone lnternazionale dei Comics, Lucca, Itália. (1970)
  • Produziu o Álbum Jerusalém/Desenhos de Humor, resultado de sua viagem a Israel (1973)
  • Expôs desenhos de Jerusalém na Galeria lpanema, no RJ e no Gabinete de Artes Gráficas em São Paulo. (1974)
  • Agraciado com o 1º lugar na lnternational Cartoon Exhibition Athens, Atenas, Grécia e teve seu desenho publicado na capa do catálogo da exposição (1975)
  • Produziu cartões, aerogramas e selos comemorativos para os Correios (1977)
  • Ilustrou cartazes do Congresso da ASTA realizados pela Embratur (1977)
  • Representou o Brasil, a convite dos EUA no lnternational Symposium of Books and Broadcasting for Children (1979)
  • Exposição organizada pelo Consulado Britânico no Hotel Rio Palace, (RJ) faz uma retrospectiva de seus desenhos. A exposição contou com a presença da Princesa Anne. (1989)
  • Lança seu Livro de Arte " A Porta/The Door" reunindo desenhos e pinturas de suas exposições realizadas no Brasil, Europa e Estados Unidos (2012)



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